O medo de dirigir (amaxofobia), muitas vezes está associado a distorções cognitivas que podem intensificar as sensações de ansiedade e comportamentos de fuga ou de evitar a situação temida. As distorções cognitivas são padrões de pensamento irracionais ou negativos que distorcem a realidade e contribuem com as crenças que confirmam a fobia. Surgem como pensamentos automáticos e atuam como regras verdadeiras durante uma situação ameaçadora.
As distorções cognitivas desempenham um papel importante na terapia cognitivo- comportamental (TCC). A TCC é uma abordagem psicoterapêutica que se concentra em identificar e modificar padrões de pensamento irracionais ou negativos que contribuem para problemas emocionais e comportamentais, incluindo a ansiedade, a depressão e outros transtornos de saúde mental. Quando se trata de superar o medo de dirigir ou qualquer outra fobia, a TCC pode ser particularmente eficaz na identificação e transformação de distorções cognitivas. Algumas distorções cognitivas comuns no medo de dirigir incluem:
• Catastrofização: essa distorção envolve imaginar as piores consequências possíveis ao conduzir um veículo, como acidentes ou situações de perigo iminente, mesmo que essas situações sejam altamente improváveis. O indivíduo superestima os riscos associados à direção.
• Leitura mental: consiste nos pensamentos de acreditar erroneamente que outros motoristas ou pedestres estão constantemente julgando e criticando a sua habilidade de dirigir, mesmo que não haja evidência para isso.
• Adivinhação do futuro: envolve o pensamento de realizar previsões pessimistas sobre a própria capacidade de dirigir com segurança. Como antecipar que cometerá erros, mesmo que não haja uma base sólida para essas preocupações.
• Rotulação e generalização: definir rótulos para si mesmo com base em experiências passadas negativas ou em um incidente isolado. Pensar que sou "incompetente" ou "incapaz" de dirigir. Também pode incluir a generalização do medo de dirigir para todas as situações de direção, mesmo que algumas delas sejam mais seguras e menos desafiadoras.
• Desqualificação do positivo: a pessoa tende a ignorar ou minimizar experiências positivas de direção, como realizar uma volta na quadra ou tirar o carro da garagem, e focar apenas nas experiências negativas ou preocupações (“passei pelo meio fio”).
• Pensamento dicotômico: quando se percebe as situações somente em duas categorias, como forma de “tudo ou nada”, ou seja, não considerar flexibilizar as consequências. Pensar que um pequeno erro ou desconforto ao dirigir é inaceitável e levará a um desastre completo.
É importante destacar que essas são apenas algumas das principais distorções presentes na fobia de dirigir e que para superar o medo é essencial identificar esses erros cognitivos e trabalhar para mudar padrões de pensamento negativos e irracionais. Uma vez identificadas as distorções, inicia-se o processo de desafiá-las. Isso pode envolver questionar a validade das crenças negativas, buscando evidências contra ou a favor delas e explorando alternativas mais realistas.
Com o auxílio de um psicoterapeuta, o indivíduo começa a substituir os pensamentos distorcidos por pensamentos mais equilibrados e adaptativos. Por exemplo, em vez de pensar que “os motoristas irão me julgar, buzinar ou criticar”, posso imaginar que “cada pessoa tem suas próprias preocupações e que eu não sou o foco principal”.
Inicia-se então um processo de reestruturação cognitiva, que permite maior resposta racional e regulação das emoções durante a condução de um veículo. E este é um passo importante para a superação do medo de dirigir.